domingo, 22 de julho de 2012

Manhã.

Deveremos nos manter calmos Quando a aurora disparar em nossa direção Quando o sono sequestrado da noite Imensa Devorar todos os sensos E te obrigar a sentir toda vagabundice do mundo Vendo com olhos corajosos A sensibilidade de cada segundo Incansável do tempo Querendo mesmo A força clara e exaustiva do calor.

Eletricidade Cósmica

A energia que viaja em minhas veias A 220 volts Ilumina os bairros de Belém Os bares, os lares, os puteiros E a árvore do Natal As letras que saem do cérebro pelas mãos Mancham a dignidade limpa do papel E chocam os desprevenidos Desanimam os românticos empobrecidos Desmancham o terreno fértil dos coitados Mas vibram as passeatas E hasteiam bandeiras sonhadoras Limpam fronteiras que só existem nos mapas E dançam os pares que se querem Comemoram vitórias galgadas E riem dos engraçados que valem à pena Cantam notícias infantis que brincam nos jardins Eutanásia dos assustados Corrimão áspero dos aleijados Brigada de incêndio quieta O disparo corajoso do reflexo Que o espelho oferece a quem se vê como é Cortina que se fecha Naftalina que evapora Coragem que se esvai E aplauso que diminui Silêncio que se espalha Escuridão. 29/12/2011

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Sobre essa nova senhora que me observa.

Monalisa
Nem sei se me perdoa, reverencia ou abençoa
Frida potencializada pelos espessos graus dos óculos
Enxergam arte no ofício do passar da noite
Calcutá de coração xinga, blasfema as idéias sugeridas pelas sombras da lua clara
Avó convicta permite a liberdade da poesia onde mora
Mulher firme zela pela provinciana companhia a esposa adormecida
Coração eterno pulsante expele seu cheiro
De flor e concreto
E o retrato lembrança de passado capturado e paralizado
Aconselham o expectador encantado pelo resto de vida
Que respira na moldura
Ela fala
E ele ouve com atenção esfomeada
Os dircusos que o olhar mimicamente reproduz
Vai seguir a mais doce das ordens
O sono vai fazer tudo valer a pena
Sob cada luz desta calle
Sobre cada metro
Desse cenário argentino
Fantasmas bohêmios
Deslizam como a correnteza do Plata
Espíritos vivos se espalham na calçada
Nos bosques de Palermo
Há milhares de corpos
Deitados
Lúcidos
Falam um castelhano alto e sorriem
Meus olhos máquinas fotográficas
Fincam os slides em minha vida
E tudo que vai passando
Vai também ficando
Como a chuva do terceiro andar da Godoy Cruz
E os violões de santelmo
Até o céu portenho foi cruzado
O sol da bandeira se arreou pela manhã
E deixou uma alma obesa de emoção

terça-feira, 11 de outubro de 2011

olhem para cima
o céu aberto
sem cerca elétrica ou arame farpado
pra quem quiser
é só ir

sábado, 1 de outubro de 2011

Rotina

E o tempo é infinito ou regressivo? O próprio Universo, eterno? Como se tudo sempre houvesse existido e voltasse sempre a existir. Num ciclo incansavelmente repetido, ou recriado. O grande segredo, a maior curiosidade é o tamanho do ciclo. Quantos Cristos devem ter existido? Desde que manhã abro os olhos pra viver o "novo dia", pra perceber as "novidades" que surgem? Me levanto sem razão, ou pra participar ativamente da construção deste ciclo? Deus é um relógio no pulso, um calendário na parede? As vezes penso que chego atrasado. Que pra cada hora que "envelheço" mil crianças nascem. Serei pretencioso em me colocar como referência de algum tempo? Qual o tamanho disso tudo? O segundo? O dia? Qual objetivo e sentido do tempo? Nos mostrar o máximo possível ou nos condenar a morte? Divino, maquiavélico? De fato o tempo transforma tudo em perecível, o seu corpo, os corpos dos prédios, as luzes, a melhor memória, a pior notícia, o sofrimento e a felicidade.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Sutileza

um corpo...
tão leve corpo
sopro...