terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Sobre essa nova senhora que me observa.

Monalisa
Nem sei se me perdoa, reverencia ou abençoa
Frida potencializada pelos espessos graus dos óculos
Enxergam arte no ofício do passar da noite
Calcutá de coração xinga, blasfema as idéias sugeridas pelas sombras da lua clara
Avó convicta permite a liberdade da poesia onde mora
Mulher firme zela pela provinciana companhia a esposa adormecida
Coração eterno pulsante expele seu cheiro
De flor e concreto
E o retrato lembrança de passado capturado e paralizado
Aconselham o expectador encantado pelo resto de vida
Que respira na moldura
Ela fala
E ele ouve com atenção esfomeada
Os dircusos que o olhar mimicamente reproduz
Vai seguir a mais doce das ordens
O sono vai fazer tudo valer a pena
Sob cada luz desta calle
Sobre cada metro
Desse cenário argentino
Fantasmas bohêmios
Deslizam como a correnteza do Plata
Espíritos vivos se espalham na calçada
Nos bosques de Palermo
Há milhares de corpos
Deitados
Lúcidos
Falam um castelhano alto e sorriem
Meus olhos máquinas fotográficas
Fincam os slides em minha vida
E tudo que vai passando
Vai também ficando
Como a chuva do terceiro andar da Godoy Cruz
E os violões de santelmo
Até o céu portenho foi cruzado
O sol da bandeira se arreou pela manhã
E deixou uma alma obesa de emoção